Sabia que, mais importante que a proibição de alimentos menos saudáveis, é ensinar às crianças que a excepção (reservada para ocasiões especiais) não faz a regra? E que alguns rituais praticados no seio familiar – como confeccionar as refeições em conjunto e envolver as crianças nas compras dos alimentos – são óptimas estratégias para a sensibilização das crianças para um padrão alimentar equilibrado e para a prevenção da obesidade?
RITUAL: Diariamente, ou tanto quanto possível, envolva os seus filhos na compra, preparação e confecção dos alimentos e refeições; e não deixe de visitar com eles o mercado ou feira alimentar mais próximos, pelo menos uma vez por mês.
É um facto que a prevalência de excesso de peso e obesidade em crianças tem aumentado consideravelmente e atinge muitas crianças portuguesas. A obesidade infantil (e também adulta) é um fenómeno de grande complexidade que merece uma intervenção informada cientificamente, profissional e eticamente responsável. É importante, por exemplo, evitar períodos de privação intervalados com períodos de alimentação excessiva, sentimentos de fracasso e privação, estigmatização, isolamento e auto-imagem distorcida, bem como o risco aumentado de distúrbios alimentares.
A probabilidade de sucesso na prevenção ou retrocesso da obesidade aumenta quando se envolve todo o agregado familiar e quando se tem em consideração os gostos pessoais da criança e os seus níveis de actividade física. Adicionalmente, a educação nutricional desenvolvida tanto no ambiente familiar (de forma mais informal) como na escola (em regime mais formal), permite que as crianças desenvolvam conhecimentos e competências que lhes permitam estabelecer um padrão alimentar mais saudável no futuro.
Finalmente, importa referir que a fase de crescimento e desenvolvimento da criança necessita de uma alimentação ainda mais nutritiva do que em adultos, proporcionalmente ao tamanho corporal. Assim, há que dar ênfase especial à ingestão de frutas e vegetais, grãos integrais, lacticínios, leguminosas, peixe e carnes magras.
A CONSIDERAR:
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Estabeleça o horário das suas refeições em família. Este procedimento é fundamental na educação da criança, na transmissão de valores e estabelecimento de rotinas e na criação de maior significado em torno da alimentação.
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Informe-se sobre a ementa semanal do(s) seu(s) filho(s) na escola e em função desta, adapte as suas refeições em casa.
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Incentive o(s) seu(s) filho(s) a participarem na confecção das refeições em casa. A exploração das cores, texturas, e paladar dos alimentos são um bom mote para que a criança se interesse por uma alimentação mais equilibrada e completa.
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Crie rituais divertidos em torno da alimentação da sua família: levar o(s) seu(s) filho(s) a conhecer(em) mercados, hortas, supermercados, feiras gastronómicas e feiras de agricultura biológica, podem representar um bom estimulo para um melhor conhecimento dos alimentos.
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Evite qualquer tipo de proibição em torno de algum alimento ou grupo alimentar. O mais importante é que a criança perceba que existem alimentos mais saudáveis, que devem ser ingeridos frequentemente, e que existem outros menos saudáveis, a reservar para ocasiões especiais.
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Evite utilizar a alimentação como prémio por determinada “boa acção” ou como reprimenda de mau comportamento. O “castigo” de comer a sopa e a “recompensa” de comer o bolo ou o gelado, são alguns dos maus exemplos enraizados na nossa cultura.
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Certifique-se que o(s) seu(s) filho(s) têm uma alimentação equilibrada ao longo das diferentes fases de crescimento: nos primeiros meses de vida, o ideal será sempre o aleitamento materno; de seguida devem ser incluídas as papas ricas em nutrientes essenciais ao crescimento e desenvolvimento saudável; e mais tarde a alimentação deve aproximar-se da realizada pelos adultos.